AS OUTRAS PERGUNTAS QUE NÃO SE CALAM
Sou uma advogada formada há menos de seis meses, com foco na área trabalhista e com zero processos criminais e, no meu currículo profissional, consta um estágio no gabinete de um ministro do STF. Abri minha humilde banca aos 24 anos de idade, em março de 2020, logo depois que sai do meu estágio, com um sócio que foi assessor desse mesmo ministro. Logo nos primeiros meses, um megatraficante biliardário, um dos mais perigosos e poderosos bandidos deste país, contrata meus serviços pagando alguns milhões de reais de honorários para livrá-lo da cadeia, mediante o ajuizamento de um habeas corpus no STF, que depois de inúmeras distribuições e desistências consecutivas, caiu no colo do ministro, sim, do dito cujo. Pergunto......O traficante biliardário me escolheu porque: 1. Eu sou novinha 2. Eu sou uma advogada trabalhista 3. Meu escritório é modesto 4. A vidente dele me indicou 5. Eu acredito em bruxas. Daí o ministro, o dito cujo, concede uma liminar e, num passe de mágica, o megatraficante é libertado. Essa peripécia jurídica aconteceu porque: 1. O ministro gosta de mim 2. O ministro gosta do meu sócio 3. O ministro não se lembra da sua ex-estagiária e nem do seu ex-assessor 4. O ministro gostou de ver uma advogada trabalhista rabiscando um habeas corpus 5. Eu acredito em bruxas.